Neste ambiente instável e desafiador surgem, na mesma medida, oportunidades onde a indústria plástica nacional pode destacar-se competitivamente frente à concorrência
Por: Alexandre Weisheimer – Arquiteto de Soluções da CIGAM Software de Gestão
Desde o ano de 1900, quando a primeira forma comercial de plástico totalmente sintético foi criada - à época com o intuito de substituir o marfim dos elefantes e os cascos e chifres dos bovinos – até os dias atuais, o aumento do consumo do plástico tornou-se exponencial, atendendo toda a matriz industrial principalmente devido as suas características, como acessibilidade, leveza e segurança.
O plástico tornou-se um material de grande importância na sociedade contemporânea, devido às suas diversas propriedades e aplicações, como:
- Versatilidade e durabilidade: permitindo ser moldado em uma infinidade de formas e tamanhos, o plástico pode ser utilizado em uma vasta gama de produtos, desde embalagens até peças automotivas e componentes eletrônicos. Além disso, sua durabilidade também o torna ideal para fabricação de produtos de longa vida útil;
- Custo: a produção de plástico é relativamente barata, o que permite a fabricação de produtos acessíveis à maioria da população. Isso é
particularmente importante em setores como o de alimentos, onde embalagens de baixo custo são essenciais
- Higiene e segurança: plásticos são amplamente utilizados em aplicações onde a higiene e segurança são essenciais, como nos ramos de alimentos e produtos médicos. Devido às suas propriedades de vedação e resistência a contaminantes, ajuda a garantir a segurança e a higiene dos produtos;
- Aplicações médicas: o plástico desempenha um papel vital na medicina moderna, sendo o insumo que mais contribuiu para o progresso e
inovação da medicina nos últimos 100 anos. Equipamentos médicos, seringas descartáveis, embalagens estéreis e próteses são exemplos de
aplicação onde o plástico contribui para a saúde pública;
- Eficiência energética: em alguns casos, o uso de plástico pode contribuir para a eficiência energética. Por exemplo, automóveis fabricados com
componentes plásticos são mais leves e, portanto, consomem menos
combustível.
Segundo a ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), no ano de 2021 a produção global de plástico atingiu 390,7 milhões de toneladas, sendo o Brasil responsável por 2% deste volume. Ainda conforme a entidade, agora a partir de dados de 2020, os principais setores consumidores (em vendas de transformados plásticos, em valor) foram:
- Construção civil;
- Alimentos;
- Artigos de comércio em atacado e varejo;
- Automóveis;
- Autopeças e bebidas.
No Brasil, o total de empresas atuando no setor é de 11.339 (em 2021) e o total de empregos gerados é de 343.861 (em 2022).
O impacto econômico gerado pelo setor, em nosso país, é extremamente relevante onde, a cada R$ 1 milhão adicional de produção:
- São gerados 29 novos empregos no setor;
- Há um aumento de R$ 1,3 milhão no PIB brasileiro;
- Há um aumento de R$ 3,35 milhões na produção total da economia.
Mesmo assim, é importante considerar os desafios associados ao uso de plásticos, como a gestão de resíduos e a poluição ambiental.
A busca por alternativas sustentáveis e o desenvolvimento de tecnologias de reciclagem eficientes são essenciais para mitigar os impactos negativos do plástico no meio ambiente.
A crescente preocupação com o impacto ambiental dos plásticos, especialmente em relação à poluição marinha e ao eficaz gerenciamento de resíduos, pressiona a indústria a buscar alternativas mais sustentáveis. Isso inclui o desenvolvimento de plásticos biodegradáveis e a melhoria das taxas de reciclagem.
A Economia Circular, a produção e o consumo conscientes exigem uma nova mentalidade de parte da indústria plástica nacional, no sentido de agregar maior valor aos seus produtos a partir da condução de inovações constantes, tanto em matérias-primas quanto em seus processos e modelos de negócio, objetivando integrar o material plástico às novas demandas e tendências de mercado.
Nesse aspecto, a economia verde passa a ser vista como estratégia nacional para garantir um futuro mais sustentável para a humanidade, onde aspectos como a reciclagem e a logística reversa deixaram de ser opção para se tornarem obrigatórias.
Diversos outros desafios são enfrentados pela indústria do plástico no Brasil, como:
- Regulamentações e políticas públicas: a imposição de regulamentações ambientais mais rigorosas e a proibição de determinados produtos plásticos, como sacolas plásticas descartáveis em algumas regiões, exigem que as empresas se adaptem rapidamente.
- Concorrência internacional: a competição com produtores estrangeiros, particularmente onde os custos de produção são mais baixos, representa um desafio constante. Isso inclui a necessidade de manter a competitividade em termos de preço e qualidade.
- Inovação e tecnologia: a necessidade de investir continuamente em pesquisa e desenvolvimento para idealizar novos produtos e melhorar processos de fabricação é crucial, mas também representa um desafio devido aos altos custos envolvidos.
- Economia volátil: a instabilidade econômica e as flutuações nos preços das matérias-primas, principalmente o petróleo, que é uma fonte fundamental para a produção de plásticos, podem afetar diretamente os custos e a lucratividade das empresas.
Neste ambiente instável e desafiador surgem, na mesma medida, oportunidades onde a indústria plástica nacional pode destacar-se competitivamente frente à concorrência. Alguns exemplos nesse sentido são:
- Economia circular: o desenvolvimento de uma economia circular, que visa minimizar o desperdício e promover a reutilização e reciclagem de
materiais, oferece oportunidades para inovação e crescimento sustentável na indústria plástica.
- Plásticos de fonte renovável: a pesquisa e desenvolvimento de plásticos a partir de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar, representam uma
oportunidade para a indústria brasileira, aproveitando a vantagem competitiva do país na produção agrícola.
- Mercado interno em expansão: o crescimento da economia brasileira e o aumento do consumo interno abrem novas oportunidades para a indústria plástica, especialmente em setores como embalagens,
automotivo e construção civil.
- Exportações: o aumento das exportações de produtos plásticos pode ser uma oportunidade significativa, especialmente se as empresas brasileiras conseguirem se posicionar como fornecedores de qualidade em mercados internacionais.
- Parcerias e colaborações: a formação de parcerias estratégicas com instituições de pesquisa, universidades e outras empresas pode
impulsionar a inovação e a capacidade de resposta às demandas do mercado e às exigências regulatórias.
- Adoção de soluções em tecnologia, especificamente o investimento em sistemas de gestão empresarial (ERP): o uso intensivo de tecnologia
relacionada à gestão desempenha um papel crucial na indústria plástica, no sentido de promover evolução com sustentabilidade, proporcionando diferenciais competitivos como ganhos em eficiência, qualidade, inovação e competitividade.
“Assim sendo, a indústria plástica brasileira enfrenta um cenário desafiador,
mas também cheio de oportunidades.”
A chave para o sucesso reside na capacidade das empresas de se adaptarem às mudanças, investirem em inovação e sustentabilidade, e explorarem novos mercados e tecnologias. Com uma abordagem proativa, a indústria pode não apenas superar os desafios, mas também prosperar em um ambiente cada vez mais dinâmico e exigente.
Fonte: portal RAIS e CAGED
Fonte: Pesquisa Industrial Mensal – produção física; Pesquisa Industrial Anual – empresa e produto; Tabela de Recursos e Usos e Matriz Insumo Produto 2013/IBGE, Portal RAIS e CAGED. Elaboração ABIPLAST.